Movimentos Sociais e Pandemia: Lições de anos em turbulência

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Nadejda Marques https://orcid.org/0000-0001-5127-5782
José Manuel Mendes https://orcid.org/0000-0003-3602-9756

Keywords

movimentos sociais, pandemia COVID-19, mobilizações e protestos

Resumo

A pandemia da COVID-19 acelerou complexas transformações sociais que ocorriam na sociedade há décadas. As principais políticas de contenção da pandemia, do isolamento físico/social ao lockdown, representavam barreiras significativas à organização de protestos nas ruas. Nesse contexto, organizações e movimentos sociais precisaram se adaptar e evoluir rapidamente para garantir sua sobrevivência, relevância e realizar suas demandas. Este artigo demonstra que apesar dessas dificuldades, durante os anos da pandemia, de 2020 a 2022, vários movimentos sociais não somente se fortaleceram como tiveram considerável êxito. Isso se deu principalmente para movimentos já estabelecidos que conseguiram alavancar e combinar uma série de táticas de mobilização inclusive com uso de ferramentas tecnológicas para canalizar o descontentamento social através de redes de solidariedade e aproveitar oportunidades políticas. A análise desse contexto e dessas experiências globais oferecem lições valiosas através das quais os movimentos podem dialogar e ajudarem-se mutuamente, além de promoverem lições de sustentabilidade para o processo de contestação social ao longo prazo.

Abstract 516 | pdf Downloads 349

Referências

Amnesty International (2020). “Will our right to protest ever be fully returned?”, 29 de Setembro de 2020.
Castells, Manuel (2015). Networks of Outrage and Hope: Social Movements in the Internet Age. Cambridge, UK: Polity Press.
Coelho, Maria C. & Víctora, Ceres (eds.) (2017). O corpo que incomoda: Movimentos Sociais, Corpo e Autoridade. Sexualidad, Salud y Sociedad, Revista Latinoamericana, 25, 156-165. Congressional Research Service (2021). “Unemployment Rates During the COVID-19 Pandemic: In Brief”, 12 de Janeiro de 2021.
Giugni, Marco (2009). Political Opportunities: From Tilly to Tilly. Swiss Political Science Review 15 (2): 361-68.
Gohn, Maria da Glória (1997). Teoria dos Movimentos Sociais: Paradígmas Clássicos e Contemporâneos. São Paulo: Edições Loyola.
Goldstone, Jack (2004). More Social Movements or Fewer? Beyond Political Opportunity Structures to Relational Fields. Theory and Society, 33, 333-365.
Global Finance (2020). “Unemployment Rates Around the World 2020”, 22 de Outubro de 2020.
Harvard Kennedy School CARR Center for Human Rights Policy (2020), “Black Lives Matter May Be the Largest Movement in U.S. History”, 3 de Julho de 2020.
Berger, Matt (2020). “Why the Black Lives Matter Protests Didn’t Contribute to the COVID- 19 Surge”, Healthline. 8 de Julho de 2020.
Holanda, Heloisa Buarque de (org.) (2019). Pensamento Feminista Brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.
Hemp, Paul (2009). “Death by Information Overload”, Harvard Business Review. Setembro 2009.
Jasanoff, Sheila (2020). Pathologies of Liberty: Public Health Sovereignty and the Political Subject in the Covid-19 Crisis. Cahiers Droit, Sciences & Technologies, 125-149
Kerbo, Harold R. (1982). Movements of “Crisis” and Movements of “Affluence”: A Critique of Deprivation and Resource Mobilization Theories. Journal of Conflict Resolution, vol. 26, pp. 645-663.
Kowalewski, Maciej (2020). Street protests in times of COVID-19: adjusting tactics and marching ‘as usual’. Social Movement Studies. doi:10.1080/14742837.2020.1843014
Magalhães, Ricardo A. & Garcia, July M. M. (2021). Efeitos Psicológicos do Isolamento Social no Brasil durante a pandemia de COVID-19. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 6, Ed. 01, Vol. 01, pp.18-33.
Meyer, David S. & Tarrow, Sidney (orgs.) (1998). The Social Movement Society: Contentious Politics for a New Century. Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, InC.
Nilsen, Alf; Berdnikovs, Andrejs & Humphrys, Elizabeth (2010). Crises, social movements and revolutionary transformations. Interface: a journal for and about social movements, Volume 2 (1):1-21.
Ortiz, Isabel, Burke, Sara, Berrada, Mohamed e Cortés, Hernán Saenz (2021), World Protests: A Study of Key Protest Issues in the 21st Century, Friedrich-Ebert-Stiftung New York; Initiative for Policy Dialogue/Global Social Justice, Palgrave Macmillan. http://doi.org/10.1007/978-3-030-88513-7.
Oxfam (2020). Tempo de Cuidar: O trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade. Janeiro de 2020.
Park, Soon S. & Einwohner, Rachel L. (2019). Becoming a Movement Society? Patterns in the Public Acceptance of Protest, 1985-2006. Sociological Focus, 52, (3)186-200.
Pleyers, Geoffrey (2020). The Pandemic is a battlefield: Social movements in the COVID19 lockdown. Journal of Civil Society, 16:4, 295312.
Pressman, Jeremy & Choi-Fitzpatrick, Austin (2020). Covid19 and protest repertoires in the United States: an initial description of limited change. Social Movement Studies. doi: 10.1080/14742837.2020.1860743
Saladino, Valeria; Algeri, Davide & Auriemma, Vincenzo (2020). The Pshychological and Social Impact of Covid-19: New Perspectives of Well-Being. Front Psychol, 11:577684.
Santos, Boaventura de Sousa (2014). Epistemologies of the South. Justice against Epistemicide. Abingdon: Routledge.
Santos, Boaventura de Sousa (2020). O Futuro Começa Agora: Da Pandemia à Utopia. Lisboa: Edições 70.
Snow, David A. & Soule, Sarah Anne (2010). A Primer on Social Movements, New York: Norton, W. W. & Company, Inc.
Szawako, José Eduardo L., Dowbor, Monika & Pereira, Matheus M. (2020). Fronteiras dos Movimentos Sociais. Revista da Sociedade Brasileira de Sociologia, v.8, n.20.
Transparency International, CPI 2019 Global Highlights, 24 de Janeiro de 2020.
UNICEF (2021). “COVID-19: Schools for more than 168 million children globally have been completely closed for almost a full year, says UNICEF”. 2 de Março de 2021.